Poesias


A imagem também é de Ivone Sol - No jardim do Artista Plástico Cocco Barçante





MANHAS DO VIVER
Poema mensagem de Fim de Ano

 
Mais um ano chega ao final
Porque as horas têm tempo
E o seu movimento é banal
Nada é igual em seu andamento
 
Mas se o tempo não demora
Que eu viva agora meu dia
È na melodia das horas
Que danço – envolta de alegria
 
 
Pinte-se de magia
Sorria das horas sem graça
Arrisque uma valsa sem coreografia
Dê fantasia ao que lhe falta

 
Que fiquem exaustas as horas
Você não vai embora se o dia termina
É nossa sina viver o agora
Outrora é uma hora que ficou na rima

 
Ensina aos teus passos o caminho
Teu destino é seguir
O porvir é só um menino
Que sorrindo espera por ti

 
Eu aprendi com as manhãs
Todas as manhas do viver
Ah... E viver é tão bom
Que meu refrão é renascer
 
Eu nasço todos os dias
Eu vivo todas as horas

 
Eu vivo,
Eu vivo!
Eu vivo...

 
Ivone Alves Sol






Zumbi dos Palmares


Oh, Zumbi, Deus da Guerra!
Assim é teu nome em iorubá.
Guerreiro da liberdade étnica,
Nobre ideal de sempre lutar.

 
À condição de escravo, não aceitaste!
Partiste em busca da liberdade sonhada.
Refugiaste no Quilombo dos Palmares,
E lutaste em defesa de tua raça.

 
A fuga do engenho e da usina,
Sob uma perseguição implacável,
Uma longa e dura sina...
Seguida por capitães-do-mato!

 
Eram dias e noites de tormento,
Até índios te rastreavam!
Amedrontavam-te a todo o tempo,
E por muito pouco não te encontraram.

 
Situação de vida ou morte,
Nos extensos canaviais...
Onde o destino de tua sorte,
Era o Quilombo dos Palmares.

 
Mas, os males continuavam!
Muitos queriam tua cabeça...
Era o troféu que tanto desejavam,
Como recompensa por suas malvadezas!

 
Sim, tua cabeça seria um troféu,
Posto no alto de um tronco!
Testemunha dos que se tornam réus,
Ao fugir da crueldade do branco!

 
Palmares, símbolo de uma liberdade,
Constituída de longos cercos.
Reduto inexpugnável,
Da resistência do negro.

 
Mas tu, Zumbi, Deus da Guerra!
Destituíste Ganga Zumba da função...
Eras tu o guerreiro maior,
Redentor da escravidão!

 
Derrotaste Domingues Jorge Velho,
Violento matador de índios.
Um vencedor de muitos prélios,
Que viu no Palmares, sua fama ruindo.

 
Sua derrota causou grande repercussão,
E Zumbi tornara um mito brasileiro.
Ídolo de uma grande nação,
Que já o tinha como o maior de seus guerreiros!

 
Mas o Velho não se conformara,
E novamente fora contratado.
O que o Quilombo não esperava,
É que seu fim estava anunciado.

 
Não havia como escapar
De tamanha investida,
De canhões contra facões,
De uma luta renhida.

 
Oh, Zumbi!
Tu resististe até o fim!
Até o fim de tua vida...
E de uma luta que não teve fim!

Almir Tosta
Escritor e pesquisador de História


Dados históricos importantes:


No alto de uma serra de difícil acesso, numa região montanhosa, ficava Palmares, ocupando uma área de quase 200 quilômetros quadrados, a 90 km de Maceió.
Um conglomerado de 12 quilombos, sendo o Quilombo do Macaco o mais importante, liderado por Ganga Zumba, abrigava escravos fugidos dos engenhos da Alagoas e Pernambuco.
Palmares se tonou o mais significativo e simbólico quilombo, não apenas no Brasil como nas Américas. Em nenhum outro lugar houve uma resistência tão longa e organizada.
Ganga Zumba, o grande senhor, no dialeto africano, liderou Palmares por vinte anos. Mas ele traiu os ideais dos quilombolas e firmou um tratado com os usineiros de que aqueles que chegassem à Palmares, a partir de então, seriam entregues às autoridades.
Zumbi por discordar de tal acordo, que feria frontalmente o princípio e ideal da liberdade, destituiu Ganga Zumba e tornou-se o líder máximo de Palmares, passando a comandar o movimento de resistência do Quilombo.
As primeiras incursões para destruir Palmares, já na ocupação de Olinda e Recife pelos holandeses, ocorreram. Todas elas ao longo de meio século de tentativas fracassaram. Muito mais tarde, os usineiros de Alagoas e Pernambuco, contrataram para a empreitada, o truculento bandeirante paulista, Domingo Jorge Velho, famoso matador de índios.
Ele saiu derrotado e humilhado, embora estivesse acostumado a vencer à custa de seus poderosos bacamartes e arcabuzes. Porém em Palmares enfrentou uma heroica e incrível resistência. O incidente teve grande repercussão, Palmares ganhou o estigma de indestrutível e Zumbi tornou-se um mito da luta na resistência à escravidão.
Novamente contratado, o bandeirante reuniu um incrível contingente de reforços e muitos canhões. Era o fim anunciado de Palmares. Aquela investida iria decretar e selar o destino do Quilombo, numa luta tremendamente desigual.
E assim, embates sangrentos e violente começaram. Entretanto, o último reduto acuado, onde estava Zumbi, ainda resistia com seus fiéis defensores agregados ao seu líder, assumindo bravura e valentia digna de uma guarda pretoriana romana.
... Já no final, poucos restavam. Exauridos e feridos e sem munição, tinham somente nos seus afiados facões, seus instrumentos de trabalho, suas únicas armas de defesa. Zumbi lutou até o fim, no desespero de uma batalha final. Mortalmente ferido e sangrando de forma abundante, o líder negro ainda se mantinha em luta.
... Até que, não resistindo mais, tombou definitivamente.

Hoje Zumbi compõe a História, como um herói da liberdade. E o dia 20 de novembro é comemorado em todo o país, como o Dia da Consciência Negra, em sua homenagem.

O Autor


Essa homenagem a Zumbi dos Palmares foi destaque na galeria dos talentos da maturidade do Grupo Santander.





O canto do sabiá solitário
 
Um canto melódico e nostálgico
Nas madrugadas a me acordar
Era o canto triste e solitário
De um prisioneiro sabiá
 
Ao clamar por liberdade
De seu cativeiro me comovia
Não era o canto verdadeiro
Das matas do Sul da Bahia
 
Lá o canto era mais belo
Todos calavam para ouvir
Mas o daqui do meu prédio
É solitário igual a mim.
 
Almir Tosta
Salvador, outubro/2010


 
 
 
 
Tempos modernos
 
 
O tempo passa
Enquanto passamos o tempo
Sem tempo nenhum. 
 
 


Um poetrix de Ivone Alves Sol



Pôr do Sol visto através do gradil de Carybé - Solar do Unhão

Quisera ser

 
Quisera ser um poeta,
Para expressar minh’alma...
Como não o sou,
Expresso em prosa
O que o coração fala
 

Quisera ser um poeta,
Para dizer tudo em poemas...
Como não o sou,
Digo em parágrafos frios,
O que dentro de mim queima
E se manifesta de forma sutil.

 
Quisera ser um poeta,
Para vestir a história com rimas,
Suavizar a realidade do que escrevo,
Dar aos fatos uma nova sina...

 
Quisera ser um poeta,
Ou quem sabe o sou
E ainda não sei...
 
  
Almir Tosta






HOMENAGEM A PETRÓPOLIS
 
Petrópolis, que do alto de sua Serra
Tem a Vésper como estrela - guia
A tantos viajantes indicou as terras
E de outros, fez-se moradia
 
De seus vales e verdejantes montanhas
Clima ameno e frescas hortênsias
Flores belas que nas matas embrenham
E da Cidade é uma excelência
 
Um poema em homenagem à cidade de Petrópolis e à flor hortênsia, símbolo da cidade.
 
Almir Tosta

 

 
 
DEUSA DA NOITE
 

Tragam-me as chaves da noite
Quero os céus abertos – todos
Soltem os deuses de sua corte
Encerrem os louvores do povo

 
Movam os tronos de lugares
Porei novos alteres em cada um
Trocarei os jejuns por manjares
Desses de bares comuns


Sirvam-nos de rum e charutos
Refuto as pitadas da razão
Não me atenho ao que escuto
Desfruto da minha visão


E se for perdição não é pecado
Os deuses do meu lado estão
Depois voltarão galhardeados
E de chaves não precisarão


Ivone Alves Sol

Um comentário:

  1. As vezes me sinto um sabiá solitário,ai eu canto...canto e a solidão vai embora e fica a companhia das lindas melodias dos pássaros que continuam a cantando.

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